“A alfabetização passa a ser uma tarefa interessante, que dá lugar a muita reflexão e a muita discussão em grupo. A língua escrita se converte num objeto de ação e não de contemplação. É possível aproximar-se dela sem medo, porque se pode agir sobre ela, transformá-la e recriá-la. É precisamente a transformação e a recriação que permite tal apropriação.”

Ao longo dos anos, a discussão sobre o que é tarefa da Educação Infantil ensinar às crianças no eixo de Linguagem Oral e Escrita, ocupou muito tempo de diferentes especialistas. Durante anos, a preocupação, deste segmento da escolaridade, era garantir a chamada “prontidão” para a alfabetização, entendida como execução de exercícios estereotipados, relacionados à coordenação motora e as diferentes discriminações (visuais, táteis, gustativas...). Em outros momentos, tratou-se de alfabetizar as crianças desconsiderando seus conhecimentos prévios e oferecendo atividades totalmente descontextualizadas.

Hoje, sabemos que a principal tarefa que se coloca para a Educação Infantil é aproximar as crianças dos usos sociais da linguagem oral e escrita, propiciando situações em que leiam, escutem, escrevam e organizem a fala com diferentes intenções. Já o domínio do sistema alfabético de escrita, não deve constituir-se no foco principal do trabalho. A tarefa de alfabetizar as crianças, com a implementação do ensino fundamental de 9 anos, passa a ser do 1º. Ano do Ensino Fundamental.

Desde que entram na escola as crianças vivem diferentes situações relacionadas ao ensino da linguagem oral e escrita (ouvem boas histórias lidas pelos professores; organizam a fala para conversarem, para apresentarem pequenos seminários, entrevistarem e indicarem livros de literatura; leem pequenos poemas, música, parlendas...; escrevem ainda que não convencionalmente, textos em situações em que isto se faça necessário) Em resumo aprendem precocemente como funcionam os leitores e escritores competentes, desenvolvendo comportamentos aliados a estas práticas.